Jornal Expresso – edição em papel
|por Marisa Antunes|
Almada Velha tem um novo centro ligado às indústrias criativas.
Os antigos armazéns municipais de São Paulo, em Almada, foram recentemente reconverti-dos num centro direcionado para as indústrias criativas. Batizado Quarteirão das Artes, o novo espaço empresarial vai permitir acolher, em regime fixo, 11 empresas, existindo ainda uma área para quem queira trabalhar no sistema cowork e a possibilidade de criar o domicílio fiscal associado a este polo de empreendedorismo.
Para a autarquia, proprietária do espaço, esta é uma forma de dar vida a ‘Almada Velha’, o centro histórico, e ajudar a fixar criativos e artistas nesta zona. “Este espaço pretende revitalizar o centro histórico de Almada e também responder à dinâmica que existe no concelho no âmbito das artes criativas, seja na fotografia e vídeo, nas artes plásticas ou restauração de móveis, entre muitas outras. Houve necessidade de criar um espaço específico para esta gente empreendedora poder avançar com a sua microempresa”, resume Amélia Pardal, ve-readora do Urbanismo da autarquia, lembrando que os espaços que existiam no concelho para este efeito já há muito se encontravam sobrelotados.
Inaugurado há pouco mais de duas semanas, o centro está a ter uma boa recetividade. “Há já duas dezenas de pré–inscrições e pensamos que vai haver mais gente interessada. Existem 11 espaços e mais outro de cowork que permite que estejam várias pessoas ao mesmo tempo a trabalhar no mesmo espaço”, reforça a vereadora. Aberto a todos os pequenos empresários, o Quarteirão das Artes tem, porém, uma tabela de preços de ocupação mais apelativa para os novos negócios, na medida em que o espaço se destina precisamente a apoiar projetos empresariais recentes. Empresas criadas há menos de um ano terão 50% de desconto nos primeiros seis meses de renda e depois 20% no período de incubação (entre três a cinco anos).
€500 mil para reabilitar
A autarquia atribuiu a gestão do espaço à instituição Nova Almada Velha, uma entidade que além da câmara tem, entre os seus associados, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova e a associação dos comerciantes local. Encerrados durante uma década, os sete armazéns onde funcionaram as oficinas municipais necessitavam de uma reformulação de espaços e de uma intervenção que tornas-se a área acolhedora e funcional, objetivos a alcançar com um orçamento de €500 mil.
O desafio desta reabilitação foi entregue ao arquiteto João Correia Monteiro. O ponto de partida foi aproveitar tudo o que existia e melhorar a área dentro do possível, tendo em conta o orçamento de baixo custo.
O edifício recém-inaugurado irá ostentar, em breve, uma fachada muito mais colorida, com graffiti
Assim e para criar 11 espaços privados de ateliê, dois espaços públicos (sala de formação e sala polivalente) e zona administrativa, o arquiteto recorreu a um material flexível e inovador — o LSF (Light Steel Frame).
“Optámos por um sistema construtivo ainda pouco usado em Portugal, uma estrutura que funciona como as construções ame-ricanas, em aço galvanizado, e que assegura uma estética pouco habitual, dando ao edifício um aspeto mais industrial em sintonia com as artes que acontecem sempre em espaços mais alternativos”, diz o arquiteto.
“A fachada muito discreta mantém a paisagem urbana” e por dentro foi quase como “encaixar um edifício novo”, acrescenta. A fachada mantém-se discreta por enquanto. O objetivo será transformá-la, a curto prazo, na tela oficial do concurso de grajfiti que já existe em Almada. Pretende-se que o resultado final seja um edifício de construção inovadora, vanguardista, mas inserido na paisagem de Almada Velha. Situado numa área privilegiada de produção cultural da cidade, o Quarteirão das Artes está paredes-meias com a Casa da Cerca, entre outros equipamentos.
VIARISA ANTUNES
mvantunes@impresa.pt